segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Uma mãe de irmã


Muitos reclamam da sorte ao não poderem escolher irmãos como escolhem os amigos. Eu fui agraciado com um presente chamado Juliana. Minha mãezinha, desde a época em que tapar os ouvidos era a melhor arma pra não precisar fazer terapia mais tarde. Dos conselhos dados da a partir da sua bicama com a autoridade de quem amadureceu cedo demais, às distâncias que a vida insiste em nos colocar.

Somos tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Somos feitos do mesmo barro bom, somos fruto do mesmo amor regado a sofrimento e dor. Seu amadurecimento antecipou o meu também. Ajudou a moldar meu caráter e reforçar a imagem que tenho das mulheres da minha família.

Quando hoje vejo Júlia, minha filha, e Gabriela, filha dela, levantarem a voz e avisto aquela veia pulsando no pescoço, tenho a certeza que a força das mulheres dessa família irá se perpetuar.

Perder meu pai aos 17 anos tendo tido tão pouco foi difícil demais. Ter que me separar de "minha Ju" aos 23, quando fui em busca de minha vida, foi também um golpe duro. Voltei para minha cidade e vi minha mãe ir embora de vez, causando-me o maior sofrimento pelo qual já passei. De novo, a vida insiste em me testar e carrega minha loira pra longe.

Não há de ser nada. Afinal, saudade só se tem de quem se ama. Muito.

Nenhum comentário: